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Extensão Universitária é alterada no Estatuto da Unicamp

A proposta foi apresentada pela Proec após mais de um ano de discussão com a comunidade



Prof. Dr. Fernando Hashimoto, Pró-reitor de Extensão e Cultura

 

| Texto: Gabriela Villen | Foto: Antonio Scarpinetti

 

Foram aprovadas, na última terça-feira (29), no Conselho Universitário (Consu) da Unicamp, alterações estatutárias que incluem definitivamente extensão no quadro normativo da Universidade. Além de atualizar o conceito de extensão universitária de acordo com o debate nacional e incluí-lo ao lado do ensino e da pesquisa ao longo do texto, a proposta aprovada traz um capítulo especial para tratar do tema. De acordo com Fernando Hashimoto, pró-reitor de extensão e cultura, a proposta, aprovada sem nenhum voto contrário, é fruto de mais de um ano de discussão tanto no âmbito do Conselho de Extensão (Conex), quanto em todas as unidades.

Apesar de definida como indissociável do ensino e da pesquisa pela Constituição Federal e tendo prática pujante na vida acadêmica, a extensão aparecia apenas de forma secundária, nos principais documentos da Unicamp. Esse diagnóstico foi apresentado pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec), depois de minucioso estudo, em 2017. No mesmo período, já atuante em âmbito nacional, a Proec participou da criação do Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de São Paulo e contribuiu decisivamente para a aprovação da resolução que Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira, pelo Ministério da Educação no ano seguinte.

Para entender melhor as mudanças, leia entrevista concedida por Fernando Hashimoto ao Portal da Proec:

 

O que significam as alterações estatutárias aprovadas no Consu para a extensão universitária da Unicamp?

As alterações aprovadas no último Consu são um passo importante na atualização dos conceitos da extensão universitária em nossa universidade, bem como mostram um reconhecimento e valorização da extensão em nossa comunidade. Desde 2017, a Proec iniciou um estudo sobre como a extensão estava inserida nos documentos oficiais da Unicamp e, de fato, rapidamente concluímos que era necessário discutir com a comunidade uma revisão ampla sobre esses documentos. Deste modo, em 2018, a Proec iniciou essa discussão que foi levada para as unidades e demais órgãos da universidade, e culminou na proposta construída coletivamente no Conex (Conselho de Extensão), agora aprovada pelo Consu.

 

Além de um capítulo específico, a extensão foi alterada em todo texto ao lado do ensino e da pesquisa, correto?

Sim, as alterações são de fato mais uma das ações estruturantes que empreendemos desde o início de nossa gestão na Proec. O estatuto refletia esse desequilíbrio entre ensino, pesquisa e extensão. É importante notar que a extensão não possuía um título, um setor específico no estatuto que tratasse dos conceitos e das diversas ações de extensão que desempenhamos no cotidiano na universidade. Outra importante alteração é a criação da Comissão Central de Extensão dentro das comissões do alto colegiado da universidade.

 

As alterações no estatuto da Unicamp acompanham uma tendência nacional de valorização da extensão universitária, evidenciada pela aprovação pelo MEC em 2018 da resolução que Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira. Como a Pró-reitoria de Extensão e Cultura da Unicamp tem atuado dentro e fora da Universidade nesse sentido?

A Unicamp tem tradição de atuação efetiva dentro do Fórum de Pró-Reitores de Extensão Nacional, o Forproex. A Unicamp participou de todo o processo de aprovação da lei federal que você citou, e em 2017 criou o Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Instituições Públicas de Ensino Superior do Estado de São Paulo. Esse fórum se reuniu diversas vezes e traçou ações conjuntas entre as instituições públicas do estado de São Paulo, bem como se reuniu com a Fapesp (Fundação de Apoio a Pesquisa do Estado de  São Paulo) com a proposta de abrir caminho para o fomento à extensão, vinculada aos projetos de pesquisa aprovados pela agência. Com relação a atuação da Proec, após a aprovação da lei federal, no âmbito interno, ressalto o trabalho e discussão sobre a curricularização da extensão que temos realizado junto à Pró-reitoria de Graduação (PRG).

 

A proposta da Proec ter sido aprovada por unanimidade no Consu indica que há um consenso na Universidade sobre a relevância do papel cumprido pela extensão na Unicamp?

Na verdade, o fato da proposta do CONEX ter sido aprovada sem nenhum voto contrário, somente poucas abstenções, mostra que a construção de uma proposta coletiva, que buscou conversar com toda a comunidade, foi essencial para tramitarmos com tranquilidade e legitimidade as alterações aprovadas. Foi um processo longo onde noto, de fato, a transformação do diálogo que saiu de um patamar onde muita gente não entendia o papel da extensão na missão da universidade pública brasileira, aliás como é descrita em nossa Constituição Federal, para um discurso de valorização e engajamento ao final do processo.

 

Alterada no Estatuto, quais os próximos passos?

A alteração no estatuto e no regimento geral da Universidade gera uma reação em cascata, ou seja, teremos que adequar e aprovar as modificações nos diversos regimentos internos da extensão e dos cursos de extensão, e colocar a Comissão Central de Extensão em funcionamento pleno. É bom ressaltar que as alterações no estatuto e a criação da Comissão Central de Extensão, fecham um ciclo que foi inicialmente proposto, onde podemos citar várias ações estruturantes implantadas: a criação das bolsas de extensão, o sistema de registro de ações de extensão (BAE), a criação das funções gratificadas para os coordenadores de extensão e para os secretários de extensão das unidades, o lançamento da Revista Internacional de Extensão da UNICAMP, a revisão e ampliação dos editais de extensão para nossa comunidade. Enfim, o cenário da extensão na Unicamp mudou consideravelmente hoje em dia.