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Fapesp seleciona seis projetos da Unicamp para combate ao coronavírus

Trabalhos foram propostos pela força-tarefa criada pela Universidade para enfrentar a pandemia



| Autor: Liana Coll | Fotos: Antonio Scarpinetti | Edição de imagem: Renan Garcia

 

Seis projetos da Unicamp foram contemplados pelo edital “Suplementos de Rápida Implementação contra COVID-19”, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O chamado da Fapesp, que se encontra em aberto até o dia 22 de junho, é destinado a pesquisas que visem atuar no combate à pandemia causada pelo novo coronavírus. 

Os projetos aprovados até o momento, na Unicamp, são de pesquisadores do Instituto de Biologia (IB) e da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). O valor do financiamento é de até R$200 mil reais, que deve ser investido no prazo de 24 meses. Os recursos são utilizados em insumos, equipamentos e outros materiais necessários às pesquisas.

“Este financiamento da Fapesp é essencial para que a gente consiga fazer esse tipo de pesquisa. Os governos federal e estadual têm financiado pesquisas científicas ao longo de décadas. Isso faz com que tenhamos um corpo científico estruturado, qualificado e de prontidão para responder a problemas como a Covid-19. A Fapesp, que é movida com impostos pagos pela população paulista, é instrumental para a ciência de São Paulo, oferecendo oportunidades rápidas de financiamento em tempo de crise. Este é um excelente momento para prestar contas à população paulista sobre o financiamento que ela dá para a ciência”, avalia o professor do IB Daniel Martins-de-Souza, que coordena um dos projetos aprovados.

O pesquisador destaca que a dedicação da força-tarefa da Unicamp no combate ao coronavírus foi fundamental para que houvesse uma rápida submissão de propostas relevantes à Fapesp. “A mobilização da força-tarefa, que é liderada pelo professor Marcelo Mori e conta com uma série de unidades da Unicamp, possibilitou que nós tivéssemos projetos competitivos. Isso se deve à organização do grupo, que tem trabalhado dia e noite, de forma coordenada”, afirma.

 

Professor Daniel Martins-de-Souza

 

Para Daniel, é importante destacar que, embora os projetos tenham uma coordenação, todo o trabalho está sendo realizado em equipe. Alunos de pós-graduação e pós-doutorandos se somam aos esforços, que pretendem trazer respostas rápidas à população no combate à pandemia. 

Além disso, ele evidencia que a Fundação de apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão da Unicamp (Faepex) também está investindo em projetos relacionados ao coronavírus. No momento, há um edital emergencial aberto, que destinará um aporte de até R$3 milhões para pesquisas em torno do enfrentamento à Covid-19. 

“Nós, cientistas, somos capazes de escrever projetos científicos com perguntas relevantes porque somos um time pronto para isso, e isso se deve muito ao financiamento”, observa o professor. 

Os projetos da Unicamp

No IB, os projetos aprovados são coordenados pelos docentes Daniel Martins-de-Souza, José Luis Módena, Marcelo Mori, Marco Aurélio Ramirez Vinolo e Pedro Manoel Mendes de Moraes Vieira. 

 

Instituto de Biologia da Unicamp tem cinco projetos aprovados pela Fapesp

 

O projeto coordenado pelo professor Daniel Martins-de-Souza pretende compreender melhor como o coronavírus interage com as células do cérebro. Até o momento, sabe-se pouco sobre a atuação do Sars-Cov-2 (coronavírus causador da pandemia nos humanos) no sistema nervoso central. No entanto, como um dos sintomas associados à doença é a perda de olfato, estima-se que haja uma invasão do vírus nas células nervosas. Assim, a pesquisa visa encontrar proteínas que possam servir na compreensão da infecção e que também indiquem terapêuticos que possam ser utilizadas nos medicamentos.

O professor José Luis Módena é responsável pelo projeto que pretende avaliar a circulação e a diversidade genética do Sars-Cov-2 em Campinas, além de buscar biomarcadores que auxiliem em diagnóstico rápido da Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) e identificar novos antivirais que atuem no combate à doença, através de ensaios de triagem computacional e testes de atividade antiviral em cultura de células em laboratório. A equipe da pesquisa é multidisciplinar, envolvendo várias unidades da Unicamp.

O projeto sobre a relação entre envelhecimento e infecção pelo novo coronavírus tem como coordenador o professor Marcelo Mori. A pesquisa visa elucidar como o envelhecimento constitui o principal fator de risco para a Covid-19, fornecendo possíveis soluções para a pandemia. O caminho da pesquisa envolverá a identificação de proteínas e vias candidatas que possam prever a suscetibilidade à doença. Além disso, o estudo pretende desvendar os mecanismos moleculares através dos quais o envelhecimento contribui para a infecção pelo novo coronavírus. A avaliação de fármacos já aprovados para uso humano também incorpora o projeto.

O professor Marco Aurélio Vinolo coordena a pesquisa sobre  impacto da microbiota intestinal e seus metabólitos na infecção por Sars-Cov-2, tendo por base estudos anteriores que demonstram que microrganismos presentes no intestino, e substâncias excretadas por eles, podem ajudar na proteção contra o vírus. 

Objetivando elucidar mecanismos relacionados à infecção pelo Sars-CoV-2, a fim de que  melhores tratamentos sejam dispostos à população, o projeto coordenado pelo professor Pedro Manoel Mendes de Moraes Vieira irá mapear vias metabólicas que precisam ser ativadas na resposta imune contra o Sars-CoV-2. Além disso, pretende estudar os fatores de risco que estão associado às manifestações mais graves da doença.

 

Estudo com foco em fármacos será desenvolvido na FCM

 

Na FCM, os professores Licio Velloso e Maria Luiza Moretti são responsáveis pela coordenação da pesquisa que visa testar a eficácia de dois fármacos já aprovados para uso humano no tratamento da inflamação aguda e de rápida progressão, que tem levado à morte parte dos infectados pelo novo coronavírus. O estudo será realizado através de ensaio clínico com 180 pacientes internados no Hospital de Clínicas (HC) com quadro de edema pulmonar.